Qual a necessidade do momento atual? Alguns libertos, outros ainda amarrados a crenças, padrões comportamentais e atitudes antigas aprendidas muitas vezes para garantir a sobrevivência própria. Outros já a serviço do bem comum, co criando em grupo soluções diversas, incentivando a liberdade, eliminando medos e empoderando pessoas para produzirem com propósito e grande energia.
Eu diria que o momento atual está dividido entre polaridades e aprendizados sobre diversidade e uniformidade, propósito e produtividade, empatia e competição, resiliência e destruição, mas ainda com uma cobrança demasiada focada no resultado financeiro. Algumas vezes deixando pessoas em segundo plano. O medo ainda paira no ar.
Observo que os tomadores de decisão estão sendo chamados a colaborar em um lugar diferente. Metas são importantes. As empresas sobrevivem a partir de resultados atingidos. Este aspecto não é questionado. Talvez, o que seja importante neste momento é investirmos tempo nas agendas para também ouvir as pessoas. A jornada do líder muitas vezes é solitária e na minha opinião não precisa ser. A mágica está sendo trabalhar a transparência, a colaboração e o protagonismo sem medo de errar.
Percebo dois fenômenos ocorrendo. Um ligado ao aspecto técnico financeiro/processual e outro ligado ao aspecto humanístico que envolve proposito, modelo de gestão, governança e comunicação. Ambos sendo reaprendidos pelos tomadores de decisão que se depara com o cenário VUCA – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.
A saúde financeira organizacional sempre foi o foco primordial. E sob este tema, o que observo atualmente é que as empresas que possuem mais liquidez estão sendo demandadas por seus dirigentes(governo, ou acionistas) a atingir maiores patamares de resultados, sendo que o cenário do mundo é de escassez e sobrevivência na sua maior parte.
Analisando a nossa história, o Século XXI está recebendo as consequências da ganância, do medo e algumas vezes da competição pela competição vividas no passado. Foram anos e anos de poder, mandatos, roubos, corrupção e outros tantos comportamentos que incentivaram o interesse próprio em todos os locais do mundo.
O que nos une atualmente? Negócios, dinheiro, crescimento de carreira, concorrência de mercado, engajamento para atingimento de resultado financeiro, compra de empresas para aumento do crescimento econômico/ financeiro e a competitividade. Onde vamos parar? Não sei. Só sei que este movimento está trazendo consequências sérias em nosso clima planetário, pouca qualidade de vida para as pessoas, doenças psicossomáticas de monte .
Por um outro lado, vejo como consequência deste cenário um aumento de pessoas migrando seu conhecimento técnico para o humanístico. Nunca se viu em tempo algum tanta gente estudando técnicas para cuidar do emocional dos seres humanos. Especialistas em tecnologia entrando no tema inteligência emocional, engenheiros se especializando em mindfullness, administradores utilizando neurociência para engajar pessoas, médicos utilizando cada vez mais a antroposofia como forma de olhar o ser humano de maneira cada vez mais orgânica e integrada.
A pergunta que me faço é será que este plano de transformação e evolução continua do homem? Respondendo humildemente, creio que não. Deus está mexendo no tabuleiro todo. É visível
Estamos aprendendo pela dor, onde vemos redução de custos por parte das empresas, hipervalorização de resultados pela ganância e medo. China entrando no mundo inteiro com uma governança materialista e na contramão do desenvolvimento humano.
E o que podemos fazer a este respeito?
Na minha opinião devemos incentivar uma ação diferente por parte das pessoas do comando. Trabalhar tomadores de decisão para o contágio emocional passa a ser fator crítico para continuarmos gerando resultados financeiros e humanos. Ambos caminham lado a lado.
Não adianta puxar a corda para o aumento de produção e do outro lado cortar custos porque o resultado humano e técnico não se cumpre. Isso é o mesmo que dizer para as pessoas que são incompetentes e vão pagar por isso, quando na verdade, esta energia financeira deveria ser utilizada para ampliar talentos e incentivar a criatividade individual.
A cultura do medo deveria ser substituída pela cultura do incentivo das capacidades individuais e apoio as pessoas que possuem dificuldades. Trainnes são importantes mas não podemos deixar de lado aqueles que não tiveram a mesma oportunidade de ter um bom estudo, de visitar um País, aprender línguas novas e viver projetos inteligentes. Todos fazem parte de uma mesma causa: como transformar o ambiente organizacional em um lugar que todos querem estar e apoiar genuinamente? Esta é a pergunta da vez.
É neste lugar que dirigentes de todos os Países estão sendo chamados a estar, porque para fomentar o engajamento, precisamos combater os 3 d´s: a desesperança, o desrespeito e o desvalor no ambiente organizacional. Do contrário, os colaboradores se sentem traídos.
É na dimensão humana que precisamos apostar as fichas. As empresas precisam co criar as estratégias junto com seus colaboradores e incentivar as competências individuais. Quando uma empresa deixa claro seus valores e comportamentos esperados não significa que este conjunto de informações estão a serviço da estratégia.
As pessoas precisam fazer junto, pensar junto. É desta maneira que se engajam nos resultados que elas mesmas entregarão ou dirão que não dá para ser entregue da maneira como os dirigentes esperam.
As vezes um simples alinhar de expectativas, capacidades e acordos, apoia muito o processo todo de engajamento.
Quando os tomadores de decisão não têm essa consciência, os colaboradores abaixo ficam perdidos e com medo de pensar, sentir e querer para agir em prol dos resultados. A paralisia contamina o ambiente.
O que fazer para embarcar as pessoas?
Abrir espaço para os colaboradores criarem a estratégia com foco no alcance dos números esta fazendo sentido. Como sugestão compartilho algumas práticas que estão sendo utilizadas pelo mercado e estão apoiando bastante este momento:
- Realizar uma escuta ativa com todas as individualidades da alta liderança para colher percepções, desejos e muitas vezes necessidades de apoio;
- Capacitar a alta liderança com visões sobre mudança/cultura para apoiarem este caminho de forma padronizada no walk the talk;
- Eleger alguém do comando como condutor e zelador da estratégia;
- Abrir discussões com todas as lideranças(Agentes de Mudança devidamente preparados com métodos e comportamentos) para provocar visões e sugestões de caminhos no alcance dos resultados;
- Escolher métodos claros para apoiar de forma transparente e organizada o cascatear da estratégia. Um método que considero bem construtivo é o Balanced Score Card;
- Utilizar o mundo digital, ágil, disruptivo, cenário VUCA como forma de leitura de cenário;
- Identificar pessoas de dentro da empresa e de fora para colheita de benchmarking e lições aprendidas;
O mundo dos tomadores de decisão não é tarefa nada fácil, mas a medida que a responsabilidade da decisão é compartilhada, a leveza, a confiança e a agilidade se instalam no ambiente. Outro dia em uma empresa ouvi de um gestor assumindo a posição de um diretor interino: “ A minha agenda como diretor é só entrar em reuniões o dia todo”. E ouvindo este relato refleti como muitas vezes a falta de tempo para cuidar dos detalhes, muitas vezes faz as decisões serem tomadas sem considerar o impacto junto ao dia a dia das pessoas.
As vezes não dá tempo de avaliar competências. E este fenômeno faz com que algo grandioso esteja sendo conduzido por pessoas que não tiveram tempo em se preparar para assumir o desafio ou mesmo na mão de um terceiro que por mais que queira ajudar, não consegue porque a missão está nas mãos dos que comandam a organização.
É uma pena que o cenário VUCA está fazendo as pessoas se despirem dos rituais tão necessário para o engajamento das pessoas. Não está dando tempo para que as práticas usuais de uma governança tão necessária se materialize no dia a dia organizacional. Assim a organização se perde na desordem e na pressa do alcance dos resultados.
Por tanto, para sairmos do A para o B, precisamos ter em mente que a tarefa passa a ser incentivarmos coletivamente a visão sistêmica de como faremos isso. Temos claro onde vamos? Como faremos para chegar lá? As pessoas estão com as competências corretas? E que plano precisaremos montar juntos para alcançar este resultado?
Resultado humano é tão importante quanto um resultado técnico, até porque sem o resultado humano tudo vira commoditie.
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