O Papel da Mulher como Agente de Mudanças
*Katia Soares
Por mais que estejamos na era onde a liberdade, igualdade, fraternidade, a diversidade e o argumento do poder esteja sendo substituído pelo poder do argumento, vale a pena relembrarmos o grande papel da mulher no surgimento dos movimentos de mudança na sociedade.
De um modo como só ela consegue ser, é geradora de mudanças no lar, no trabalho, na sociedade e na cultura das pessoas a sua volta.
Depois de muita batalha a mulher vem conquistando seu espaço nas grandes organizações, na política, educação e em muitas outras áreas.
Diante de várias responsabilidades e desafios, o curioso de observar é que ao mesmo tempo que lidera mudanças como ninguém, muitas vezes deixa de lado a sua força e identidade feminina. E quando uma mulher se masculiniza na esperança de encontrar maior respeito e admiração, ao invés de ganhar força de atuação, perde a energia.
O que a mulher não compreendeu ainda é que a força da sua atuação esta em ser cada vez mais feminina, do contrário, acabará perdendo sua identidade e poder.
Mulheres Agentes da Mudança devem vivenciar e aprender cada vez mais com as próprias mulheres ações e movimentos femininos. Aprender a olhar sem julgar, apenas acolhendo, ouvir com o coração e perceber o que está por trás da fala, interagir se desapegando, deixar ir e deixar vir, faz parte deste processo de se apropriar da sua força.
No momento da implementação de uma ação, é na conquista e no engajamento que seu melhor é colocado em prática. É o seu “modus operandi” que passo a passo vai sendo observado e aprendido pelas pessoas a sua volta. Por isso a importância de levar em conta o “como” as coisas são realizadas mais do que “o que” será entregue. O resultado torna-se sustentável e não mais impositivo e ditatorial como ao longo dos anos vem sendo permitido pelos modelos de gestão mandatórios.
Implementar não só com as mãos, mas considerando principalmente as mentes e corações de seus liderados e influenciadores a volta é fator crítico de sucesso.
Um exemplo positivo de uma verdadeira Agente de Mudanças foi a atuação da Rainha Ester, muito bem em sua auto-estima, e confiando no seu poder feminino, Ester não temeu nem mesmo a morte.
A mulher, ao assumir uma liderança deve estar muito bem em sua auto-estima, pois estará sempre dividindo desafios constantes junto a outros líderes e cenários.
“Como diria Abraham Lincoln, é surpreendente o quanto você pode realizar se não estiver preocupado em saber quem receberá os elogios.”
Ester foi uma mulher admirável por não ter se deixado estragar pela ascensão. De órfã, em sua obscuridade, chegou a rainha sem ficar atordoada ou cheia de orgulho. Engajou-se metódica e completamente num ousado programa destinado a mudar o paradigma existente da época. Mudança é um compromisso com o futuro, com base em princípios, valores e aspirações. Os Agentes de Mudança não lideram apoiados em poder ou posição, mas na força de seus argumentos.
Neste contexto, existem três qualificações importantes para a mulher que se engaja na liderança de uma mudança:
- A primeira qualificação para o papel da mulher na liderança é a visão. Ter visão é ter uma clara percepção dos fatores que devem construir o futuro. O cuidado é não confundir visão e sonho com sentimentos otimistas e com fundamentos emocionais;
- A segunda qualificação é a coragem para vencer os obstáculos e poder usufruir do sucesso futuro. A ação com convicção de que a mensagem não só está correta, mas é essencial, e de que o futuro depende das decisões presentes é fator crítico de sucesso. Ester se arriscou ao ponto, se necessário fosse, de perder a própria vida. O Agente da Mudança possui uma crença apaixonada. Ester demonstrou ser uma fanática, estava disposta a morrer por suas convicções, mas não tinha a intenção de conquistar a glória por meio do martírio. Coragem é diferente de punição;
- A terceira qualificação que as mulheres precisam observar é a capacidade de ter equilíbrio diante das pressões. Não é proibido chorar, pois um bom choro serve de bálsamo nas horas difíceis, mas cuidado para não fazer do choro a sua arma. Muitas vezes surgirão situações muito tensas, mas neste momento, o equilíbrio irá fazer a diferença. Nada pior que um líder que se desequilibra nos momentos de pressão e quando este líder é uma mulher, a exigência se torna maior. Conhecendo seus limites, a mulher saberá se poderá ou não prosseguir em um debate de ideias.
Saiba a hora de parar, conheça seus limites e evite confronto direto. É tentador apontar o dedo a um alto executivo ou a uma situação difícil, mas a última coisa que um Agente de Mudanças deseja é tornar a mudança mais difícil do que já é, e isto aumenta a resistência.
Quando a mulher tem a clara consciência da importância do seu papel e como é um modelo a ser seguido, um exemplo a ser copiado, uma formadora de novas gerações, mentora de muitas outras que virão, começa a tomar alguns cuidados.
Primeiramente ela observa as armadilhas montadas em seu caminho, para que não venha tornar-se a presa. A habilidade feminina é a arma para conseguir bons resultados.
Depois entra em uma consciência maior que ao substituir a competição pela colaboração, a exemplo de um tear, vai tecendo situação a situação, sem perder as grandes imagens que surgem a frente mas ao mesmo tempo toma cuidado com cada fio, cada cor e a forma como estas imagens estão sendo construídas.
Assim, já não entra mais no modo defesa, não agride, não impõe, não manifesta impaciência, mas substitui pouco a pouco estas atitudes pelo acolhimento amoroso tão necessário nos dias atuais.
Sim. E porque não terminar este artigo falando de amor?
Todos estamos sendo chamados para exercê-lo de alguma forma e a medida que compreendemos que é a partir do outro e com o outro que cresceremos, tudo ficará mais fácil.
Qual o papel da mulher nisso? Tudo. Conforme ela tem a consciência do seu papel de educadora de mudanças, mais ela receberá a retroalimentação para o seu crescimento contínuo. “Conforme ensinas, assim aprenderás”. Sendo assim o que a mulher ensina estará ensinado a ela mesma e na medida que aprende a olhar, a ouvir, a interagir, a gerir e a sustentar visualizando gentileza nos outros, a sua própria mente a observa como totalmente inofensiva.
Uma vez que isto ocorra, a mente entende que não há nenhuma necessidade de se proteger. A segurança é o abandono permanente do ataque. Isto significa lembrar que a mulher não precisa se masculinizar e sim trazer a tona mais do que nunca a sua feminilidade dentro dos contextos de mudanças em seu entorno.
Assim o mundo estará a caminho do se curso natural. Resgatando novamente o amor, a liberdade, igualdade e a fraternidade tão necessárias para sustentar a mudança planetária em que atualmente nos encontramos.
É importante que haja progresso pessoal, rota para a mudança corporativa. Lembre que Ester era uma rainha estrangeira dentro de um harém tumultuado, circunstâncias que impossibilitava uma vitória, no entanto ela conseguiu através de sua dedicação, humildade e vigilância ir plantando lentamente a sua semente.
Sem perder a feminilidade, você pode ser uma Agente de Mudanças. Basta acreditar. Vem comigo?
Katia Soares é a Criadora da Agentes da Mudança, Consultora especializada em Gestão de Mudança, Mentoring e Executive Coaching.
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